Há decisões simples que revelam verdades profundas sobre uma cultura organizacional, e uma das mais emblemáticas é a insistência de algumas empresas em obrigar seus colaboradores a trabalharem em emendas de feriado, mesmo quando não existe demanda real, urgência operacional ou qualquer prejuízo evidente caso a equipe fosse liberada. Muitas vezes, o colaborador possui banco de horas positivo, está em dia com suas entregas e sabe exatamente o que é prioridade no dia seguinte, mas ainda assim é obrigado a cumprir um expediente que poderia ter sido negociado com maturidade. E, enquanto isso, o líder que negou a emenda viaja tranquilamente com a família, publica fotos nas redes sociais e desfruta do descanso que não concedeu à equipe.
Essa rigidez revela muito mais do que uma simples política interna: revela mentalidades antigas, controle desnecessário, culturas engessadas e, em alguns casos, o lado mais infantil do poder. Revela também uma incapacidade profunda de ler o clima emocional da própria equipe, de entender o simbolismo de um gesto pequeno e de perceber o estrago silencioso que decisões aparentemente inofensivas provocam no moral das pessoas.
O mais paradoxal é que, em inúmeros casos, a empresa poderia facilmente adotar revezamentos, acordos de compensação ou esquemas de plantão, garantindo que operações essenciais fossem mantidas sem que todo o time fosse sacrificado. Líderes mais conscientes aproveitariam esse dia para reconhecer sua equipe e fortalecer a confiança, mas líderes inseguros preferem exercer autoridade em detalhes irrelevantes, confundindo rigidez com seriedade, controle com gestão e obediência com cultura.
O resultado disso aparece imediatamente: escritórios vazios de energia, equipes irritadas e improdutivas e um presenteísmo evidente — aquelas horas em que o corpo está presente, mas a alma está ausente. Pessoas desmotivadas, olhando o sol pela janela, pensando no descanso que poderiam estar vivendo com suas famílias e sentindo que foram tratadas como números, não como seres humanos. Esse presenteísmo nasce do desgaste emocional, da frustração e da sensação de injustiça, e cobra um preço alto: queda de produtividade, perda de engajamento, aumento do cinismo e deterioração da relação com a liderança.
Talvez o mais simbólico desse fenômeno seja o que ele revela de forma muito clara: algumas empresas dizem que valorizam pessoas, mas valorizam apenas quando isso não exige flexibilidade. Dizem que cuidam do bem-estar, mas ignoram oportunidades simples de demonstrar cuidado. Dizem que confiam, mas não confiam quando deveriam. Dizem que fazem gestão humana, mas não conseguem aplicar humanidade em situações básicas.
O colaborador, por sua vez, percebe esse contraste imediatamente. Percebe quando o discurso não se traduz em prática. Percebe quando a coerência é substituída pelo autoritarismo. Percebe quando a liderança fala sobre cultura, mas age por conveniência. E essa percepção, mesmo silenciosa, corrói qualquer tentativa de construir engajamento ou confiança.
Este artigo não é sobre liberar as pessoas em toda e qualquer emenda. É sobre maturidade. É sobre saber quando a flexibilidade fortalece o vínculo e quando a rigidez o destrói. É sobre entender que cultura se constrói nos detalhes — especialmente nos detalhes que revelam quem manda por consciência, e quem manda por medo. E é sobre lembrar que ninguém esquece o líder que negou uma emenda sem necessidade, mas todos lembram daquele que liberou com sabedoria.
Se você é líder, vale a reflexão: quantas oportunidades de fortalecer sua cultura você perdeu porque decidiu provar autoridade em momentos em que poderia ter demonstrado humanidade? E quantas vezes você exigiu presença física quando a presença emocional já estava perdida?
O que destrói culturas não são os grandes escândalos — são as pequenas incoerências. E poucas incoerências gritam tão alto quanto obrigar pessoas a trabalhar quando o trabalho não precisava existir.
Por Ronaldo Loyola, especialista em gestão de pessoas e fundador da LHRC Consultoria (www.lhrc.com.br).
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